Plástico biodegradável: o que é, como funciona e quais os desafios?
Você provavelmente já ouviu falar em plástico biodegradável, certo? Mas o que isso realmente significa?
Tecnicamente, todo material é biodegradável. Isso quer dizer apenas que, com o tempo, ele se decompõe. Porém, no caso do plástico tradicional, essa decomposição pode levar centenas de anos — e, ao invés de desaparecer, ele se fragmenta em microplásticos que continuam no meio ambiente.
Desde a década de 1950, estima-se que a humanidade tenha produzido mais de 8,3 bilhões de toneladas de plástico, e a maior parte disso ainda está por aí, seja em aterros ou na natureza.
Por isso, a palavra-chave quando falamos em sustentabilidade não é “biodegradável”, e sim “compostável”. Um item compostável se decompõe mais rápido e, melhor ainda, se transforma em adubo para o solo, algo que o plástico comum, mesmo reciclado, não faz.
Neste texto, quando falarmos em “plástico biodegradável”, vamos nos referir a bioplásticos, ou seja, plásticos que têm elementos compostáveis.
Vamos entender o que é, quais os problemas enfrentados e se realmente vale a pena.
Quais os problemas do plástico biodegradável?
Apesar de parecer uma solução promissora, o plástico biodegradável ainda enfrenta vários desafios. Veja alguns deles:
🔹 Nem todo plástico biodegradável é compostável
Muitos plásticos chamados de “biodegradáveis” são misturas de materiais renováveis (como amido de milho ou cana-de-açúcar) com plásticos derivados do petróleo. Um exemplo é o PET de origem vegetal, que tem até 30% de matéria-prima renovável — mas os outros 70% ainda são plástico comum, que não se decompõe por completo.
🔹 Dificuldade de reciclagem
É comum que pessoas confundam bioplásticos com plásticos convencionais e os descartem no lixo reciclável. O problema é que as centrais de reciclagem brasileiras não estão preparadas para processar plásticos biodegradáveis, o que pode contaminar o lote e acabar mandando tudo para o aterro.
🔹 Falta de acesso à compostagem industrial
Alguns bioplásticos só se decompõem em condições específicas, como as de uma composteira industrial (temperatura, umidade e oxigênio controlados). Mas, no Brasil, esse tipo de infraestrutura ainda é muito limitado. Ou seja, mesmo que o produto seja compostável, ele provavelmente vai parar no lixo comum.
🔹 Estímulo ao uso descartável
Mesmo sendo biodegradável, o plástico ainda demanda recursos para ser produzido. Quando usado em produtos descartáveis, como talheres, copos ou embalagens de delivery, ele acaba reforçando uma cultura de uso único, que não é sustentável.
O ideal seria utilizar bioplásticos para criar itens duráveis e reutilizáveis, como capinhas de celular, escovas de dentes, entre outros.
Plástico biodegradável realmente se decompõe?
Sim, mas depende do tipo e das condições. Enquanto restos de alimentos podem se decompor em poucos dias, um saco de plástico biodegradável pode levar meses ou anos, especialmente se for descartado no ambiente errado.
Em condições ideais, como uma composteira industrial, o plástico biodegradável pode se decompor em 3 a 6 meses. Já em casa, com uma composteira doméstica (existem algumas no mercado brasileiro, como a Humi, por exemplo), a decomposição pode levar um pouco mais de tempo — e nem todos os bioplásticos são aceitos.
Então o plástico biodegradável é sustentável?
Depende. Para que o bioplástico seja considerado sustentável, ele precisa cumprir alguns critérios:
✔ Ser compostável, seja em composteiras industriais ou domésticas
✔ Ter um destino adequado, ou seja, acesso real à compostagem
✔ Ser pensado para uso durável, e não apenas como substituto descartável do plástico comum
Há exceções, claro, como sacos compostáveis para lixo orgânico ou curativos biodegradáveis, que têm questões de higiene envolvidas.
E no Brasil?
O Brasil ainda está engatinhando no tratamento adequado para bioplásticos. Poucas cidades contam com compostagem pública estruturada, e a educação ambiental sobre descarte correto ainda precisa avançar bastante.
Além disso, o país precisa incentivar políticas públicas que promovam:
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Compostagem em larga escala
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Selo de certificação compostável nacional
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Campanhas de conscientização sobre o que pode e o que não pode ir para a reciclagem ou compostagem
Conclusão
O plástico biodegradável pode ser parte da solução, mas não é a solução sozinha. A melhor escolha ainda é reduzir o consumo de descartáveis, usar alternativas reutilizáveis e buscar formas de dar destino correto aos resíduos.
Se você quiser testar em casa, procure por composteiras domésticas que aceitam restos orgânicos e alguns bioplásticos. E sempre confira se o produto tem selo de compostabilidade (como o BPI ou o europeu EN 13432 — até que tenhamos um nacional).
E você? Já usou algum produto feito com plástico biodegradável? Tem dúvidas sobre como descartá-lo? Me conta aqui nos comentários! 🌱
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Conheça o Autor

Sou Grayce Noronha, idealizadora e desenvolvedora do Ciclo do Bem, um projeto criado durante minha graduação em Ciências da Computação na Universidade Positivo. Nosso propósito é promover saúde, sustentabilidade e bem-estar, conectando tecnologia e educação como ferramentas de transformação social. O projeto faz parte da Atividade de Extensão – Integração de Competências para Transformar o Eu, e busca inspirar ações práticas que contribuam para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), fortalecendo comunidades e construindo um futuro mais equilibrado para todos.
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